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A Irecê que a Veja não viu

Leia artigo do jornalista Daniel Pinto, editor do site www.sertaobaiano.com.br.

01 de junho - 2014 às 09h51
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Fotos: Renato Sampaio / Sertão Baiano

Ao longo dos tempos, apesar da riqueza humana, artística e cultural, o nordeste brasileiro foi mantido distante do epicentro político e econômico do Brasil. Mesmo assim, conseguiu destaque em todas as áreas do conhecimento e tem contribuído com a construção da identidade nacional e com o desenvolvimento do país. Entretanto, seria ingenuidade acreditar numa sociedade com justiça social e sem preconceito. Ainda hoje o nordeste brasileiro, quando não retratado pelo aspecto folclórico, geralmente ganha notoriedade da grande mídia pelo prisma da tragédia, que superestima o “valor notícia” da violência e degradação humana. Diante desta realidade, merece atenção a iniciativa da revista Veja em lançar equipe de reportagem numa expedição pelo Brasil com a missão de revelar um país “pouco visível”. Ou, como foi descrito no site da Editora Abril, uma nação formada “por empreendedores que se dispuseram a enfrentar - e conseguiram superar - as enormes barreiras que o país apresenta aos que querem inovar, investir e competir ombro a ombro com as nações mais desenvolvidas do mundo”.

A Expedição Veja esteve em Irecê, semiárido baiano, no final do mês de maio. A vocação da cidade para o comércio e o setor de serviços foi observada pela reportagem, que destacou Irecê como principal referência para um território com 500 mil habitantes. Também não passou despercebido que a diversificação da produção agrícola foi a saída encontrada por produtores para superar a crise após o fim do ciclo de prosperidade do feijão, no final da década de 1980.

Entretanto, a Veja não viu como Irecê é mãe protetora, que acolhe os seus e aqueles que vêm de fora. Não viu como Irecê é campo fértil para todos que trazem projetos inovadores. Não viu como o povo simples de Irecê gosta de ajudar sem pedir nada em troca. Também não viu o quão Irecê é cosmopolita e sofisticada. A Veja não conseguiu ver a beleza e coragem do ireceense (natural ou de coração, como eu), que não perde a esperança e o bom humor nem mesmo durante as estiagens da vida.

A Veja não viu. Mas, também pudera: pra ver tem que viver, sentir e amar.

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