Nos dias 22, 28 e 31 de julho, técnicos e técnicas que estão envolvidos na ação de sementes crioulas do projeto Pró-Semiárido se reuniram, de forma virtual, para refletir sobre os resultados dos primeiros diagnósticos da agrobiodiversidade, feitos junto a dezenas de famílias agricultoras que vivem em comunidades dos municípios de Juazeiro, Casa Nova, Remanso, Campo Formoso, Curaçá, Uauá, Pilão Arcado e Campo Alegre de Lourdes.As ferramentas aplicadas durante as oficinas de diagnóstico da agrobiodiversidade permitiram que fosse feito um resgate geracional de espécies animais e vegetais nativas e adaptadas à região. A iniciativa permitiu que na tabulação dos dados coletados fosse possível montar um quadro comparativo que traz informações sobre como era a realidade da produção nos anos 2000 e de lá até os dias atuais. O que revelou também as mudanças nos hábitos alimentares das famílias agricultoras.
“A formação foi uma oportunidade para que a equipe do projeto pudesse trazer como foi essa experiência de aplicar as ferramentas participativas do diagnóstico nas comunidades. Vimos que o surgimento de políticas voltadas sobretudo para a fortalecimento da produção dos quintais fez com que uma diversidade de plantas, voltadas para alimentação, a exemplo de hortaliças e fruteiras, pudessem ser inseridas no contexto das famílias e também o próprio incentivo de programas e projetos como o Pró-Semiárido tem incentivado isso. Esse diagnóstico fez com que a gente percebesse também o surgimento de novas espécies e variedades de plantas forrageiras”, destacou o técnico Victor Maciel, do Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (Sasop), entidade que executa a ação em 9 municípios do norte baiano em parceira com o Pró-Semiárido.
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O fortalecimento da produção e armazenamento das sementes crioulas no Semiárido da Bahia é uma das ações do Pró-Semiárido, no sentido de assegurar segurança alimentar e nutricional para as famílias agricultoras. O Projeto é executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), por meio de acordo de empréstimo feito entre o Governo do Estado e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).
Além da troca de experiências e apresentação de dados, o momento também possibilitou a formação acerca dos sistemas agrícolas resilientes. A ideia é que, em breve, as equipes de campo possam implantar, junto com as famílias agricultoras envolvidas, ensaios e canteiros da agrobiodiversidade. Esses espaços servirão como campo de experimentação para cultivo e multiplicação de espécies que estão em risco de extinção, bem como plantas medicinais, aromáticas, arbóreas e semiperenes.Para o subordenador do capital produtivo do Pró-Semiárido, Carlos Henrique Ramos, essa formação só reforça a importância de unir todas as ações que estão sendo desenvolvidas pelo projeto em campo, e garantir que a estratégia do Assessoramento Técnico Continuado (ATC) seja cada vez mais fortalecido, assegurando que as famílias agricultoras tenham acesso a mais possibilidades de se manter no campo com dignidade.
“Estamos trabalhando para que a ATC seja muito mais conectada com outras ações do projeto, como o recaatingamento, o Lume, com a certificação orgânica, com sementes crioulas, e que não seja um trabalho isolado. É preciso levar isso para os territórios que não têm um trabalho com sementes mais efetivo. Para isso, estamos tendo todas as condições, a gente está tendo esse momento formativo de sementes, as rodas de aprendizagem, os(as) agricultores(as) que fazem experiências, os guardiões e as guardiãs de sementes, os(as) experimentadores(as). Então, a gente tem que beber dessas fontes todas e juntar tudo isso para fortalecer o trabalho de ATC”, afirmou Ramos.
A formação contou com a participação da equipe técnica do Pró-Semiárido e de entidades parceiras como o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), Serviço de Assistência Socioambiental no Campo e Cidade (Sajuc) e Cooperativa de Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc). Além de membros da Embrapa Semiárido e da Cooperativa Mista de Produção e Comercialização Camponesa da Bahia (CPC), que são respectivamente parceiro apoiador e parceiro executor da ação com sementes crioulas do projeto.