BRASÍLIA - Caetano Veloso botou o trio elétrico na rua, mais precisamente em frente ao Congresso Nacional, em defesa do meio ambiente. Um dos líderes do "Ato pela Terra contra o pacote da destruição", mobilização artística e social que ocorreu na semana passada, em Brasília, o cantor e compositor disse, em entrevista ao Estadão, que espera uma reação do Senado sobre a série de projetos de lei que tem flexibilizado a gestão ambiental do País, com aval do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). As medidas são defendidas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, que pressiona a votação e fala em "prosperidade".
Caetano diz que "é notória a tendência do atual governo para o desprezo pela natureza" e que "todo desejo de salvar o meio ambiente está sendo reprimido e negado". Um documento com demandas será entregue ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). "Os projetos de lei que estão em pauta são aberrantes", afirma Caetano, ao criticar a atuação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). "Esperamos que a luz lançada no Senado possa levar a resultados práticos. O presidente da Câmara tem dado mostras de fazer passar toda a desastrosa permissividade que o atual governo propõe."
Sobre a abertura de terras indígenas para exploração comercial, diz que "a ideia de liberar garimpo e mineração em terras indígenas é uma agressão à história do movimento indígena brasileiro". Além de Caetano Veloso, o ato contou com a participação de músicos e artistas como Nando Reis, Seu Jorge, Natiruts, Bela Gil, Criolo, Maria Gadú e Bruno Gagliasso. O evento foi um grande manifesto contra as propostas que têm sido votadas a passos largos pelo plenário da Câmara, muitas vezes sem passar por debates e ajustes nas comissões parlamentares.