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Caso Beatriz: ao menos cinco pessoas são suspeitas de envolvimento na morte de menina em Petrolina

Cinco funcionários da escola onde Beatriz Angélica Mota foi morta mentiram em depoimento. Crime foi premeditado, diz polícia!

30 de março - 2016 às 10h46
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Louise Lobato / Correio 24h

A Polícia Civil acredita que pelo menos cinco pessoas participaram do assassinato de Beatriz Angélica Mota, 7 anos, morta dentro de uma escola em Petrolina (PE), na divisa com a Bahia. O crime também teria sido premeditado, e os suspeitos conheciam bem a escola, apontou o laudo da perícia local, divulgado nesta terça-feira (29).  A garota, que morava com a família em uma chácara em Juazeiro, na Bahia, foi encontrada em um depósito de material esportivo desativado, que fica ao lado de uma quadra de esportes onde acontecia uma solenidade de formatura.Ela foi esfaqueada 42 vezes no tórax, membros superiores e inferiores. Ainda de acordo com o laudo da polícia, o crime não aconteceu no local onde o corpo de Beatriz foi encontrado na escola. "É dado como certo que a criança não foi morta onde foi encontrada. Ocorreu a execução do crime em um outro local da escola, e a criança foi transportada e jogada no depósito, atrás do armário", disse o delegado Marceone Ferreira, responsável pela investigação.

Ainda de acordo com a polícia, três chaves da escola sumiram 10 dias antes do crime, no dia 25 de novembro de 2015. Na ocasião, o molho de chaves foi passado por alguns funcionários da escola, que registraram o desaparecimento delas no final do dia. Elas dariam acesso aos portões internos e externos da escola. "Além disso, no momento do crime, toda a iluminação estava desligada. As lâmpadas da escola estavam todas apagadas nos corredores. Ou seja: visibilidade zero", disse o delegado. Isso dificultou a gravação das imagens das câmeras de segurança.

Assassino não agiu sozinho, afirma polícia

Ainda de acordo com o investigador, é estimado que toda a ação - a morte de Beatriz, o transporte e subsequente abandono do corpo dela, assim como o encontro dele - durou apenas 20 minutos. A pequena janela de tempo impossibilita que o autor do crime tenha agido sem nenhuma ajuda. Também há indícios que o crime foi planejado com uma certa antecedência. "A forma como ocorreu o crime aponta premeditação. A criança não foi morta no local que foi encontrada. Ela foi morta em outro local, transportada, colocada naquele depósito, em um curto espaço de tempo. É quase impossível uma pessoa decidir cometer um crime naquele momento. Ele teria de usar toda uma mágica, praticamente, para sozinho cometer isso. Decidir naquele momento fazer isso, e ninguém ver nada. Isso nos leva a crer que houve uma premeditação", comentou o delegado Marceone.

A informação também foi confirmada por Gilmário Lima, perito da Polícia Civil, em entrevista ao G1 Petrolina. "Com certeza, quem cometeu isso, tinha acesso a informações ou já esteve diversas vezes nesse local, porque o local é de difícil acesso então ou tinha de ter informação de uma segunda pessoa ou ela mesmo saber como é o local", afirmou em entrevista. Mesmo tendo sido planejado, o fato de Beatriz ter sido a vítima não foi uma decisão premeditada e sim aleatória, acredita o delegado Marceone Ferreira. "Beatriz em nenhum momento ela foi atraída para aquele local. Inclusive ela já havia descido algumas vezes e não foi abordada. Então foi uma questão realmente de oportunidade do autor. E também nós tivemos uma outra criança que foi abordada e correu de volta para o ginásio", disse o investigador da Polícia Civil.

Suspeito de matar Beatriz seria homem identificado em retrato falado

Pelo menos nove testemunhas confirmaram a presença de um homem de blusa verde, cujo retrato falado foi divulgado em fevereiro deste ano, na área do bebedouro onde Beatriz foi abordada. O suspeito é homem, moreno, tem cerca de 1,70m e pesa aproximadamente 70 quilos. O homem também aparenta ter cabelos cacheados. Um dos mistérios que ainda não foi esclarecido é que o caminho percorrido pelo assassino não tinha marcas de sangue. Ele não teria agido sozinho. "Nós acreditamos que houve uma logística para esse crime. Nós tivemos, evidentemente, o executador que acreditamos que é a pessoa do retrato falado. Mas o executor teve certamente um suporte de vigilância, de partícipes, de co-autores", diz o delegado.

"Seria praticamente impossível esse executor ter cometido o crime sozinho, desaparecido da cena do crime sem deixar vestígios, sem ninguém ver nada, com vários seguranças na escola. Haviam apenas dois acessos à escola - um para os funcionários e outro para o público - e ninguém viu nada. E é por esses e outros motivos que nós acreditamos nessa tese," garante.

Cinco funcionários da escola mentiram em depoimento

Quatro homens e uma mulher, identificados pela polícia apenas como funcionários da escola, teriam mentido em depoimento e entrado em contradição. Entre eles está um vigilante do local, que deixou o seu posto durante a festa e permaneceu 1h40 dentro de uma sala vazia. Já a mulher foi vista caminhando na direção do local onde o corpo de Beatriz foi encontrado. "Nós temos funcionários da escola que tem muito o que explicar ainda dentro da investigação, mas é importante que se diga que ninguém está aqui confirmando que essas pessoas tiveram participação direta ou indireta. Há muitas dúvidas, muitas contradições, muitas imagens que nos levam a algumas suspeitas", concluiu o delegado Marceone. A motivação do crime ainda não foi determinada pela polícia, e as investigações sobre o caso continuam.
 


Pais desabafam: "esse monstro está solto"

Esse monstro está solto na sociedade. A gente não sabe se ele vai agir novamente, com quem ou como. Minha vida parou, em todos os sentidos. Eu só penso em justiça", disse a mãe da menina Lucia Mota, em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, dois meses após a morte da filha. "Esse monstro está solto na sociedade. A gente não sabe se ele vai agir novamente, com quem ou como. Minha vida parou, em todos os sentidos. Eu só penso em justiça", disse a mãe da menina Lucia Mota para o Fantástico.

Imagens internas durante a festa da escola mostram a última vez que Beatriz foi vista, brincando com uma amiga. Vinte minutos depois ela foi encontrada morta por uma faca de cozinha. Na época do crime, a escola só possuía câmeras na portaria, nos corredores e nos pátios. "Infelizmente nós não tínhamos instalado as câmeras na quadra", disse o administrador da escola Carlos André de Melo. "Todas as manhãs eu acordo e sinto aquele impacto da dor e da realidade. Elucidar um caso como esse nos traria um pouco de conforto. Trazer Bia de volta, jamais! Mas nos daria mais tranquilidade", diz o pai de Beatriz. "É como se algo tivesse tirando de dentro de mim todas as minhas forças e todos meus sentimentos", completa a mãe.

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