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Chuva em Irecê: Alegria e Preocupação

Leia artigo do jornalista Daniel Pinto sobre a dicotomia da água abençoada que cai do céu... Também confira galeria de imagens!

18 de novembro - 2014 às 10h08
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Fotos: Sertão Baiano

Moro em Irecê, no norte do estado, há quase dois anos. Sempre acostumado com os grandes centros urbanos, confesso que tem sido uma experiência marcante: cada momento, uma nova descoberta; cada dia, um novo desafio. Entretanto, paciente e forte, costumo dizer com orgulho que me tornei ireceense de coração. Afinal, fui acolhido pela “urbs” e, especialmente, pelas pessoas, que são o verdadeiro encanto da “terra boa do sertão”. Hoje, não tenho medo de dizer que sou outro homem. Posso elencar diversos aspectos desta metamorfose, mas, neste momento, a relação com a chuva é o mais significativo.

Antes, a chuva era sinônimo de empecilho, transtorno, estresse, caos no trânsito... Agora, inserido em novo contexto, a percepção mudou completamente: vejo a mesma chuva como esperança, alento e fartura. Só então, sentindo na pele, posso entender (de fato) o homem sertanejo. A chuva é, definitivamente, o prenúncio de dias melhores.

Irecê, minha cidade de coração, tem sido abençoada com a chuva que cai do céu e molha a terra. Na zona rural, pequenos produtores se animam com a perspectiva de uma boa colheita. Ao mesmo tempo, o comércio vislumbra novas perspectivas. Enquanto, o homem-comum fica feliz só de sentir o cheiro da terra molhada e as crianças, sem conseguir conter o entusiasmo, tomam banho na rua sem nenhum constrangimento.

Mas, como num quadro colorido que desbota com o tempo, a mesma chuva que traz tanta alegria, também causa preocupação. Ao longo do tempo, talvez pela escassez de chuva ou descompromisso dos homens públicos, o município de Irecê não foi projetado para escoar a água que vem do céu. Assim, no espaço urbano, qualquer precipitação, por mais “insignificante” que seja, causa alagamentos, espalha lama e lixo, deixa ruas ilhadas, prejudica a iluminação das vias públicas e gera enormes transtornos para a população.

Espera-se que a nova gestão “abra os olhos” para esse problema e não se contente, apenas, com ações superficiais. A expectativa de todo ireceense, natural ou de coração, é de que, ao invés de remediar, o poder público pense e planeje a Irecê do futuro: uma cidade desenvolvida, sustentável, cosmopolita, com justiça social e orgulhosa de ser a principal referência da região.

Por enquanto, resta torcer que a chuva leve tudo de ruim que nos cerca, traga novos ares e renove nossa fé nos homens de boa vontade. A certeza que acalenta os corações é que - pelos campos verdes, céu azul e luar sedutor - Irecê “és emblema do meu Brasil”.


* Daniel Pinto é jornalista e editor do sertaobaiano.com.br.



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