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Em oito meses, Brasil registrou mais de 74 mil focos de queimada

No Mato Grosso: de 141 cidades, apenas 22 têm unidades dos bombeiros. Calamidade criminosa!

28 de agosto - 2019 às 10h25
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Globo Rural // FOTO: GREENPEACE

De janeiro até agosto, o Brasil registrou mais de 74 mil focos de incêndio, um aumento de 85% em relação ao ano passado. Esta é a maior alta e também o maior número de registros em sete anos no país, segundo o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Somente neste mês, o fogo já destruiu parte da vegetação de pelo menos 60 unidades de conservação pelo país. Na liderança das queimadas está o Pará. Segundo o Inpe, o estado teve mais de 6,6 mil focos de incêndio nas primeiras semanas de agosto. Preocupação maior recai sob o Parque Nacional de Ferruginosos. A unidade de conservação fica entre os municípios de Parauapebas e Canaã dos Carajás.

O fogo começou na sexta-feira (16) em uma fazenda, segundo o Corpo de Bombeiros. As chamas foram controladas, mas voltaram a se espalhar pelo parque. Ainda não se sabe o tamanho da área destruída. No Pará, estado mais castigado, os focos de incêndio também atingem as cidades de Altamira, São Félix do Xingu, Novo Progresso e Itaituba.

13 mil focos em Mato Grosso 

O Pará só perdeu para Mato Grosso em número de focos de incêndio. Nesses oito meses, os satélites registraram, no estado vizinho, mais de 13 mil pontos de calor. Segundo o Instituto Chico Mendes (ICMBio), o fogo já destruiu, por exemplo, 10% do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães e cerca de 13 mil hectares do Parque Estadual Ricardo Franco. Uma comunidade no norte do estado perdeu plantação de banana, mandioca, milho e cana. A sede de uma fazenda em Sapezal, no sudoeste de Mato Grosso, foi queimada. Foram tantos chamados que os bombeiros precisam escolher as ocorrências mais graves para atuar. Das 141 cidades de Mato Grosso, apenas 22 têm unidades dos bombeiros. 
 


Destruição no Paraná 

O fogo também consumiu a vegetação do Parque Nacional de Ilha Grande, no noroeste do Paraná. Na unidade de conservação, muitos animais morreram com o incêndio. Uma mãe cervo e seu filho conseguiram escapar e buscaram amigos no que sobrou de área verde. Mais de 60 brigadistas bombeiros, membros do Instituto Chico Mendes e da Defesa Civil trabalharam para conter as chamas que já destruíram cerca de 70% do parque.

Focos no oeste paulista 

Foram registradas queimadas na reserva ambiental "Lagoa de São Paulo" em Presidente Epitácio, no oeste de São Paulo. A área fica no encontro do Rio Paraná com o Rio do Peixe. Moradores contaram que o fogo começou numa propriedade rural da região. O ambientalista Djalma Weffort alerta que na reserva existe uma grande diversidade de aves e até animais em extinção, como o cervo-do-pantanal.

Fuligem na água de chuva 

Quem vive longe do campo também sentiu os reflexos das queimadas. São Paulo começou a tarde de segunda-feira (19) com o céu encoberto por nuvens e o "dia virou noite". O fenômeno está relacionado à chegada de uma frente fria e também de partículas oriundas da fumaça produzida em incêndios florestais. O tema "são 15h" em São Paulo acompanhado de fotos com o céu muito escuro para o horário chegou a ser um dos assuntos mais falados da internet.

A professora de ciências atmosféricas da USP Márcia Akemi Yamasoe analisou imagens da Nasa. A Agência Espacial Americana captou aumento nos focos de queimadas no Norte e Centro-Oeste, e o corredor de fumaça que chegou à Região Sudeste. “Por causa de uma frente fria que estava se deslocando pela América do Sul, fez com que essa fumaça, esses vermelhos que indicam a quantidade de fumaça, se desviasse para cá para o estado de São Paulo. Como tinha muito material particulado por causa dessa fumaça, a própria chuva naturalmente lavou e trouxe aqui para baixo”, explicou.

A cor da água também causou estranheza: era cinza e com cheiro forte. Segundo meteorologista Mariana Vicente Vieira, tratava-se de fuligem. A bióloga Marta Marcondes, da Universidade de São Caetano do Sul, se assustou. "Quando nós medimos a turbidez, ela apresenta sete vezes mais do que deveria ter uma água, como a da chuva. Então, é muito preocupante", disse. Pesquisadores do Instituto de Química da Universidade de São Paulo vão analisar amostrar da chuva. Os primeiros resultados mostram que, entre os compostos de carbono – chamados de carbonetos –, foi encontrado um poluente característico de queimadas.

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