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Exercício físico e neuroplasticidade: entenda a relação

Endocrinologista explica como manter a Saúde do cérebro e sugere alimentos importantes para a cognição. Se ligue!

23 de julho - 2021 às 12h03
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Eu Atleta / GE / Foto: NutriGenes

Por Guilherme Renke

Você já deve ter ouvido o termo neuroplasticidade. É uma palavra bastante recente no mundo da neurociência que trouxe muito conhecimento sobre a atividade cerebral e a saúde cognitiva. Há relativamente pouco tempo, os especialistas acreditavam que o desenvolvimento dos nossos cérebros estava concluído no final da adolescência, sem capacidade de se modificar após esse período, e que, em termos de neurônios, tudo estava em declínio a partir daí. Mas, graças à ciência, hoje sabemos que isso não é verdade. As pesquisas mais recentes provaram o oposto: nossos cérebros podem realmente crescer e mudar durante a vida adulta. Cada vez que esse órgão processa informações, neurônios são disparados, novos caminhos se formam e o cérebro maleável altera sua forma e estrutura.


O que é neuroplasticidade? O conceito refere-se à capacidade do cérebro de se reestruturar ou se reconectar quando reconhece a necessidade de adaptação. Em outras palavras, ele pode continuar se desenvolvendo e mudando ao longo da vida. Atualmente, buscamos compreender quais estímulos podemos oferecer ao nosso cérebro para que ele possa, então, se modificar e se desenvolver, apoiando positivamente a atividade cerebral.

Atividade física e neuroplasticidade 

O cérebro humano se adapta às novas demandas, alterando suas propriedades funcionais e estruturais (neuroplasticidade), o que resulta na aprendizagem e aquisição de habilidades. Evidências convergentes de estudos com humanos e animais sugerem que a prática esportiva facilita a neuroplasticidade de certas estruturas cerebrais e, como resultado, as funções cognitivas. Pesquisas em animais identificaram um aumento da formação de novos neurônios, sinapses e vasos sanguíneos, além da liberação de neurotrofinas (proteínas que atuam na manutenção e sobrevivência de células neuronais), como mecanismos neurais mediando efeitos cognitivos benéficos do exercício. 

A atividade física pode desencadear processos facilitadores da neuroplasticidade e, com isso, potencializar a capacidade do indivíduo de responder a novas demandas com adaptações comportamentais. Alguns estudos recentes sugeriram que a combinação de treinamento físico e cognitivo pode resultar em um aprimoramento mútuo de ambas as intervenções. Além disso, novos dados sugerem que, para manter os benefícios neurocognitivos induzidos pela prática esportiva, deve-se manter um aumento no nível de aptidão cardiovascular.

Efeito do exercício aeróbico no cérebro 

O processo de envelhecimento cerebral é um fenômeno comum relacionado à idade. Exames de imagem cerebral mostram alterações da substância branca, formada principalmente por uma porção de prolongamentos de neurônios. A deterioração dessa substância está associada ao prejuízo cognitivo no envelhecimento saudável e à doença de Alzheimer. A ciência busca compreender como é possível amenizar os declínios relacionados à idade de forma mais proativa. Ou seja, o que devemos fazer ao longo da vida para diminuir as consequências do envelhecimento cerebral. Um recente estudo, publicado em 2021, avaliou a neuroplasticidade da substância branca no cérebro adulto por meio de exames de imagem e verificou que houve efeitos benéficos no grupo que realizou caminhadas aeróbicas durante 6 meses. Sugeriu-se que a substância branca, região vulnerável ao envelhecimento, no cérebro adulto retém a plasticidade induzida pelo exercício aeróbio em curto prazo (6 meses). E, por isso, é um aliado na saúde cognitiva.

Alimentação e saúde cognitiva 

Os alimentos que você ingere desempenha um papel na manutenção da saúde do cérebro e pode melhorar tarefas mentais específicas, como memória e concentração.

Peixes gordurosos 

Salmão, truta, atum, arenque e sardinha. Todos esses peixes são ricos em ácidos graxos ômega-3, importante bloco de construção do cérebro. DHA, um tipo de ômega-3, é responsável por 40% dos ácidos graxos poliinsaturados do cérebro. Para compreendermos mais facilmente: o cérebro usa ômega-3 para construir células cerebrais e nervosas, e essas gorduras são essenciais para o aprendizado e a memória.

Frutas vermelhas 

Mirtilos e outras frutas de cores vermelhas fornecem antocianinas, grupo de compostos vegetais com efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes. Os antioxidantes atuam contra o estresse oxidativo e a inflamação, condições que podem contribuir para o envelhecimento do cérebro e doenças neurodegenerativas

Ovos 

Os ovos são uma boa fonte de vários nutrientes ligados à saúde do cérebro, incluindo vitaminas B6 e B12, folato e colina (nutriente importante para formação do neurotransmissor acetilcolina, ajuda na memória e função mental)

Chá verde 

O chá verde é uma excelente bebida para o cérebro, já que contém cafeína associada à L-teanina, aminoácido capaz de atravessar a barreira hematoencefálica e aumentar a atividade do neurotransmissor GABA. É também rico em polifenóis e antioxidantes, os quais podem proteger o cérebro do declínio mental e reduzir o risco de Alzheimer e Parkinson.

* Guilherme Renkeé médico endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e Médico do Esporte Titular da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte. 

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