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JAC discute transferência de fábrica na Bahia para Rio de Janeiro

Na próxima semana, executivos da fábrica estarão na China para obter o aval da matriz à mudança.

31 de julho - 2014 às 18h53
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Estadão Conteúdo / Foto: SECOM Bahia

Um ano e oito meses após enterrar um automóvel J3 numa cápsula do tempo para marcar o início das obras da fábrica em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador, o grupo chinês JAC Motors discute a transferência do projeto para o Rio de Janeiro. A empresa chegou a cogitar uma unidade no Rio só para caminhões, mas a negociação avançou para a transferência completa da linha de produção, incluindo a de automóveis, informa o jornal O Estado de S. Paulo em sua edição desta quinta-feira, 31. Na próxima semana, executivos da JAC estarão na China para obter o aval da matriz à mudança. Se o novo projeto for aprovado, o anúncio deve ocorrer em meados de agosto. Quatro fontes ouvidas pelo jornal O Estado de S. Paulo confirmaram as negociações. O grupo SHC, do empresário brasileiro Sérgio Habib, que detém 34% das ações da JAC no País, nega que esteja avaliando a transferência.

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro não comenta o assunto. A fábrica na Bahia, um investimento de R$ 1 bilhão, foi anunciada em novembro de 2011 e teve o lançamento da pedra fundamental um ano depois. Desde então, a área passou apenas por terraplenagem. A Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração da Bahia diz que a empresa aguarda a liberação de um financiamento da Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia) para iniciar a obra civil.

Da parte do grupo SHC, a informação é de que espera aporte da matriz chinesa para escolher a construtora e iniciar a obra - e este seria o motivo da ida de Habib à China. O início das operações da fábrica, que teria capacidade para 100 mil carros ao ano e, posteriormente, 10 mil caminhões de pequeno porte, já havia sido adiado de 2014 para 2015. Os primeiros modelos a serem produzidos são as versões hatch e sedã da próxima geração do J3. As versões atuais disponíveis no País são importadas da China.

Incentivos

Fontes do mercado afirmam que, sem incentivos federais para a operação, a exemplo do que conseguiram a Ford na Bahia e a Fiat em Pernambuco, a fábrica da JAC não é viável em razão da distância dos principais centros consumidores. Custos com transporte encarecem o produto. No Rio, além da proximidade das regiões Sul e Sudeste, o grupo terá incentivos estaduais e municipais similares aos oferecidos na Bahia, doação de área no Porto do Açu e financiamento da Agência Estadual de Fomento (AgeRio).

A JAC precisa iniciar as obras da fábrica com certa urgência. Em breve vencerá o prazo exigido no programa Inovar-Auto, que isenta a cobrança de 30 pontos extras de IPI de uma cota de carros importados por marcas que terão fábricas locais. Se confirmar a transferência da fábrica para o Rio, a JAC provavelmente terá de reembolsar o governo da Bahia por incentivos fiscais já concedidos e arcar com o prejuízo dos serviços feitos até agora, avaliados em quase R$ 15 milhões. No início do ano, o grupo já havia anunciado importante mudança societária. Até então, Habib era sócio majoritário da fábrica, com 66% das ações. Após a inversão, ele ficou com 34% e os chineses com os 66%. Em 2010, quando iniciou a importação dos modelos JAC, Habib abriu 50 revendas próprias, número que hoje está em 38 após o fechamento de lojas em razão da queda das vendas após a taxação extra de IPI.

Mudanças

Não será a primeira vez que uma montadora muda de planos após anunciar o local de futuras fábricas. No ano passado, pouco mais de um mês após anunciar a construção de uma fábrica de caminhões no Rio, a Foton Aumark, empresa chinesa representada pelo ex-ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, comunicou a transferência do projeto, orçado em R$$ 250 milhões, para Guaíba (RS). No fim dos anos 90, foi a própria Bahia que atraiu a fábrica da Ford para Camaçari, projeto inicialmente previsto para Guaíba (RS). Colaborou Tiago Décimo.

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