Fernanda Santana
Um avião no céu e um rastro de até 75 milhões de abelhas mortas no chão. Depois de ser atingidas por uma garoa de agrotóxicos, na região rural de Monte Pascoal, distrito de Itabela, Extremo-sul baiano, os insetos morreram, envenenados. O CORREIO teve acesso, com exclusividade, às análise laboratoriais que revelaram, nas abelhas mortas, envenenamento por aditivos. O impacto ambiental ainda é imensurável e as abelhas continuam a morrer em diferentes regiões. Somente neste ano, 16 milhões delas desapareceram na Bahia com suspeita de envenenamento.
Os exames foram entregues ao Ministério Público da Bahia (MP), que investiga o caso, quase dois anos depois da mortandade das milhões de abelhas, em setembro de 2018. Segundo apicultores da região, uma aeronave lançou agrotóxicos sobre plantações de café naquele mês. Os apicultores ainda não recuperaram todas as abelhas. É necessária uma espera de até três anos para compor os enxames completos, com rainhas, operárias e zangões.
As análises encontraram três agrotóxicos nas abelhas: clorpirifós-etílico, clomazona e fipronil, associado a mortes de abelhas ao redor do mundo. Os três, conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, são “muito perigosos ao meio ambiente”. Os aditivos foram introduzidos no país, respectivamente, pela Basf e FMC, em 2008, e Nortox, a partir de 1994. As duas primeiras defendem a segurança dos produtos, se usados corretamente. A Nortox não respondeu. A morte das abelhas não afeta só apicultores ou agricultores. Três entre quatro tipos de alimentos dependem das abelhas, estima a Organização das Nações Unidos (ONU). No século 20, uma frase atribuída a Albert Einstein diz que, se desaparecessem as abelhas, sumiriam também os homens. Sem elas, viveríamos, no máximo, quatro anos.
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