Por Felippe Rocha
Em Lençóis, pequena cidade na região da Chapada Diamantina, na Bahia, uma criança não parava quieta entre as cadeiras de um bar. Até que um homem grita. - Messi! Messi, pare! Venha cá! - ordenava o pai. Já havia ali um retrato da história. Um dos 76 Messis registrados no território brasileiro, em pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no último mês de abril, é aquele baianinho. Como se não bastasse ninguém conseguir conter os impulsos do homônimo, tal qual o camisa 10 do Barcelona, o menino de dois anos completados no início do mês de maio também é viciado em futebol. Acha pouco? Ele também é canhoto. Mas não foi Ostimário Jorge, o pai, músico conhecido como Branco, quem escolheu o nome. - Esse nome de Messi veio da mãe dele, que admira esse jogador. Ele, desde pequeno, joga bola na comunidade, então logo perguntavam: "Messi"? Por que não um Romário? Logo argentino, rival da gente... mas ela resolveu - explica Branco, ao LANCE!.
A mãe é Judite, que trabalha no bar onde o filho se divertia. A comunidade citada por Branco é o Remanso - onde vivem cerca de 300 descendentes quilombolas -, vizinha à Lençóis e mais encravada ainda na Chapada Diamantina. Judite veio de lá. E lá o futebol se faz presente, como em todo canto do mundo de Messi.
BOLA E GUITARRA
No Remanso e em outras localidades próximas, os campeonatos de futebol amador são tradicionais. Aos 55 anos, Domingos de Souza, o Caburé, é tio-avô de Messi e um orgulhoso lider da equipe "Jamaica". - Temos uniforme e tudo. Fomos campeões umas três vezes no campeonato, que já tem nove anos. O time é usufruto: mais velhos vão morrendo, mais novos nascendo e já tem uns quarenta e cinco anos o futebol no Remanso - comentou ao LANCE!. Num quilombo no Remanso nasceram ascendentes de Messi, que parece querer seguir os passos de quem lhe inspirou o nome. Se não for o caso, a outra linhagem da família também tem sucesso conhecido. Músico que é, Branco, pai de Messi, teve em seu pai outro músico de sucesso na região. Sinal de que a parceria da família com Jimmy Page deu certo. É fato histórico e, certamente, engrandecedor para a qualidade musical da pequena cidade da Chapada Diamantina.
Sim, o guitarrista de tanto sucesso na banda inglesa Led Zepellin, esteve no centro da Bahia em ocasiões não raras. Ao longo dos seus 72 anos, o músico ainda costuma dar as caras pela cidade baiana. Sobre um Messi nós já sabemos. Agora, este pequeno Messi tem a música de um lado e o futebol do outro. E um futuro imenso que a inquietude lhe reserva.