Primeiros indícios de desvio de verba da Educação vieram de Mirangaba

Os primeiros indícios da existência de um esquema de desvios de verbas de educação em municípios baianos, desbaratado pela Operação Águia de Haia, surgiram no início de 2014 por puro acaso. Em fevereiro de 2014, a Prefeitura de Mirangaba foi uma das cinco sorteadas pelo programa de fiscalização da  Controladoria-Geral da União (CGU) em todo o estado. Um mês depois, técnicos do órgão desembarcaram na cidade e vasculharam arquivos contábeis referentes à aplicação de recursos federais, sobretudo na área de educação. Foi quando suspeitaram de um contrato de R$ 2,22 milhões com a KBM Informática, empresa pertencente a Kells Belarmino Mendes, preso ontem pela Polícia Federal.

No relatório, os auditores da CGU apontaram um conjunto de irregularidades na licitação para compra de sistemas de informática e prestação de serviços de capacitação para áreas educacional e pedagógica. Os dados serviram para que a PF fechasse o cerco sobre negociatas envolvendo prefeituras e Kells Mendes, que já foi investigado por denúncias semelhantes em São Paulo e Minas Gerais.

Batom na cueca

Alvo da Águia de Haia, o deputado Carlos Ubaldino (PSD) deixou para a PF um indício que o liga diretamente à empresa usada no esquema, com direito até a registro na Justiça. Na campanha passada, ele recebeu uma doação de R$ 21 mil da Kells Belarmino Mendes ME, razão social da KBM, segundo informa o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Carlos Ubaldino foi o único político beneficiado oficialmente com doações de campanha da empresa de Kells Mendes em 2014. Em 2012, só consta um registro no sistema de prestações de contas do TSE. Trata-se de repasse de R$ 4,5 mil para o prefeito José Moreira de Carvalho Neto (PDT), de Itapicuru, cidade que também entrou na mira da operação.

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