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Quem é Txai Suruí, única brasileira que discursou na COP26

Aos 24 anos, indígena de Rondônia ficou conhecida em todo o mundo após discurso em Glasgow apontar necessidade de defender a Amazônia contra o desmatamento.

04 de novembro - 2021 às 09h32
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Portal Geledés / G1

Indígena e única brasileira a discursar na abertura oficial da Conferência da Cúpula do Clima (COP26), Txai Suruí passou a ser um nome internacional desde a segunda-feira (1°). Isso porque, diante de todo o mundo, a jovem expôs o avanço da mudança climática na Amazônia. Nascida dos Povos Suruí em Rondônia, Walelasoetxeige Suruí (ou Txai Suruí) tem 24 anos e é filha de Almir Suruí, 47, uma das lideranças indígenas mais conhecidas por lutar contra o desmatamento na Amazônia. Atualmente a jovem está no último semestre do curso de direito –antes mesmo da formação, Txai já trabalha na parte jurídica da Associação de Defesa Etnoambiental (Kanindé), entidade que defende a causa indígena em Rondônia. Txai foi a primeira do povo Suruí a cursar direito na Universidade Federal de Rondônia (Unir). Txai também é fundadora do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia.

À frente do grupo indigenista, Txai já liderou atos pedindo a saída do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e também denunciou o avanço da agropecuária sobre a Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau em Rondônia. Nos últimos anos, Txai participou de vários manifestos em defesa dos povos. Um dos últimos protestos foi em agosto, quando indígenas ocuparam a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, contra medidas que dificultam a demarcação de terras e incentivam atividades de garimpo.

Nas redes sociais, a jovem indígena costuma expor as várias ameaças que os Povos Suruís sofrem em Rondônia. “Aqui onde eu sou real ainda invadem nossas terras, atacam nossos direitos, ameaçam nossas vidas, envenenam nossa água e destroem nossa floresta”, escreveu em sua conta no Instagram em 9 de agosto. Em 2019, Txai foi apresentar trabalho acadêmico no Willem C. Vis International Commercial Arbitration Moot (Vis Moot), uma das principais competições de júri simulado do mundo. Na opinião da ativista, os povos indígenas sempre estiveram na linha de frente da emergência climática com “ideias para adiar o fim do mundo”. Aos seus seguidores, Txai sempre gostou de mostrar sua relação de harmonia e amor com os animais da floresta.

Discurso na COP26

No discurso feito na segunda-feira (1°) em Glasgow, na Escócia, a jovem falou sobre a necessidade de medidas urgentes para frear as mudanças climáticas, além de ressaltar a importância dos povos indígenas na proteção da Amazônia. Txai também falou sobre os ensinamentos recebidos através de seu pai, inclusive a importância de viver em harmonia com a natureza. “Meu pai, o grande cacique Almir Suruí, me ensinou que devemos ouvir as estrelas, a lua, o vento, os animais e as árvores. Hoje o clima está esquentando, os animais estão desaparecendo, os rios estão morrendo, nossas plantações não florescem como antes. A Terra está falando, ela nos diz que não temos mais tempo”, disse. Os Povos Suruís têm cerca de 2 mil indígenas.

Ainda no discurso da COP26, Txai relembrou a morte do indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau, que trabalhava registrando e denunciando extrações ilegais de madeira dentro da aldeia onde morava. Segundo Txai, ele foi morto por defender a floresta. Txai foi a única brasileira a discursar na abertura oficial da conferência, que acontece até o dia 12 de novembro em Glasgow, cidade da Escócia. Lideranças de todo o mundo devem participar. A COP26, nos próximos dias, promete discutir sobre energia, empoderamento público e da juventude, natureza e uso da terra, ciência e inovação, transporte e cidades, regiões e espaços organizados, entre outros assuntos. Os principais pontos que envolvem a Amazônia estão ligados ao desmatamento e queimadas. A COP26 começou no domingo (31) e o Brasil iniciou a sua apresentação na conferência na segunda-feira (1°), sem a presença do presidente Jair Bolsonaro.

O país foi representado pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que apresentou uma nova meta climática, com redução de 50% das emissões de gases do efeito estufa até 2030. Contudo, Leite não apresentou o número real dessa nova redução prometida. É a terceira vez que o Brasil refaz a meta climática em menos de um ano.

 

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