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Seca faz Prefeitura de Feira decretar situação de emergência

Desde setembro de 2011 a região sofre com as consequências da estiagem prolongada.

19 de outubro - 2014 às 09h17
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A Tarde / Jornal Grande Bahia

A estiagem que atinge principalmente a zona rural de Feira de Santana (a 109 km de Salvador) fez com que a prefeitura decretasse situação de emergência nas regiões afetadas pela seca. O decreto nº 9.331 prevê o abastecimento de água potável por carro-pipa para 1.085 cisternas comunitárias situadas em cinco dos oito distritos. Serão atendidos os distritos de Governador João Durval Carneiro (Ipuaçu), Bonfim de Feira, Jaguara, leste de Maria Quitéria e oeste de Tiquaruçu. Muitas famílias sofrem sem água para consumo humano há meses. Na comunidade de Venda Nova, em Maria Quitéria, a situação é crítica. Em algumas casas, a água existente é doada por vizinhos. Como é o caso de dona Maria São Pedro Santos Oliveira, que possui uma cisterna mas não tem água para nada.

"Aqui o Exército colocou água há mais de um mês, pois tinha uma irmã que estava doente. Mesmo não sendo cadastrada, uma vizinha cedeu a água para minha casa. Mesmo assim a água serve para tudo. Tanto para o nosso consumo como para animais e plantações", contou. Na residência moram oito adultos e duas crianças, mas há uma semana uma irmã e o marido, que é deficiente físico, estão abrigados no imóvel. "Não tem água lá na casa dela, então ela pediu abrigo aqui. Como não está tendo carros-pipa, meus familiares estão buscando água em uma poço coletivo, a sete  quilômetros daqui. Eles dão até quatro viagens por semana para buscar água", disse.

Na casa de Elias Santos, irmão da aposentada, a cisterna que ele fez por conta própria está com o nível baixo. Mesmo assim ele ainda cede água para alguns vizinhos. "Um vai ajudando o outro. Como nem todos têm o cadastro para receber água pelos carros do Exército, alguns vizinhos recebem a água e dividem com os outros", afirma.

Reclamação

A  água das últimas chuvas não deu para abastecer as cisternas e a palavra na localidade é economizar. Esta palavra é bastante conhecida na família de Maria Rosângela Conceição Silva. Lá os banhos e a limpeza da casa foram reduzidos, para que a pouca água não acabe. "Mesmo assim, ainda ajudamos uma vizinha idosa que não tem cisterna e mora sozinha. Fomos na prefeitura pedir o abastecimento, mas fomos informados que o carro-pipa só poderá vir após a eleição", reclamou Maria Rosângela.

Ela contou à equipe de reportagem que uma sobrinha que teve filhos gêmeos recentemente teve de ser levada para casa de familiares na sede do município, pela dificuldade de conseguir água. "Como podemos dar conta de duas crianças recém-nascidas e a mãe operada? Lá na casa da sogra dela não falta água, então foi melhor levá-la para lá", lembrou. A iniciativa do decreto partiu do Conselho Municipal de Defesa Civil, preocupado com a situação das famílias da zona rural. O prefeito acatou o pedido e decretou situação de emergência. Desde setembro de 2011 a região sofre com as consequências da seca.

Decretos

Está é a quinta vez que a prefeitura decreta situação de emergência devido à estiagem. A primeira vez foi determinada pelo Decreto 8.378, de 10 de setembro de 2011. Posteriormente,  veio o Decreto 8.510, de 19 de janeiro de 2012. Em 11 de janeiro de 2013, o Decreto 8.864 e o último em 1º de novembro de 2013, de número 9.068.

Município é um dos 110 mais afetados pela seca na Bahia

Feira de Santana está entre as 110 cidades da Bahia em situação de emergência, conforme decreto estadual, válido por três meses. Segundo o secretário de Agricultura e Recursos Hídricos, Ozeny Morais, o decreto municipal foi necessário, pois a situação na zona rural não é das melhores, uma vez que as chuvas dos últimos meses não foram suficientes para recompor o lençol freático da região. “As localidades possuem poços artesianos que não estão com água suficiente para suprir as necessidades das comunidades. Então é necessário que continuemos com o abastecimento das cisternas. Com isso a população terá água para o consumo humano”, explicou o secretário.

Ele explicou que lá os banhos e a limpeza da casa foram reduzidos, para que a pouca água não acabe, dentre elas o abastecimento. “Além disso, a prefeitura realiza limpeza e ampliação de tanques para armazenar água para o consumo animal”, informou. Com a declaração de situação de emergência, o município passa a ter autonomia para comprar e contratar serviços necessários para sanar o problema, sem a necessidade de trâmites burocráticos, como licitações ou aprovação da Câmara de Vereadores. Além de dar autonomia para remanejar recursos de outras pastas de forma a atender as ações de defesa civil.

Ao todo, nove carros-pipa servem à zona rural, mas o secretário afirma que esse número é insuficiente. “Esperamos que com esse decreto municipal, que tem validade de seis meses, consigamos obter o suporte dos governos federal e estadual, para podermos dar  maior cobertura a essas famílias”, diz.

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