A história de duas famílias rivais cujos herdeiros se apaixonam poderia ser muito bem a de Romeu e Julieta. Mas o novo romance proibido que estreia amanhã na faixa das 21h da Globo/TV Bahia não acontece na Itália antiga e sim em pleno sertão nordestino. A morte trágica no fim, até o momento, também não faz parte da trama. No lugar, uma sucessão de desencontros marca a vida de um casal de apaixonados. Em Velho Chico, novela do veterano Benedito Ruy Barbosa, escrita por Edmara Barbosa e Bruno Luperi - filha e neto de Benedito -, com direção artística de Luiz Fernando Carvalho, duas famílias iniciam uma rixa por conta de um pedaço de terra na cidade fictícia de Grotas de São Francisco, no agreste da Bahia. De um lado está o coronel Jacinto (Tarcísio Meira), um rico e ignorante fazendeiro que possui quase tudo na cidade. Do outro, o capitão Rosa (Rodrigo Lombardi), o proprietário da fazenda Piatã, pedacinho de terra fértil cobiçado pelo coronel.
“Temos um embate entre duas forças antagônicas: um idealista, que luta pelo bem-estar e pela igualdade de direitos e de oportunidades para todos, e outro que luta para preservar o poder e o dinheiro de sua família em detrimento do povo”, conta Edmara Barbosa. A disputa entre os Sá Ribeiro e os Rosa ganha contornos violentos com a morte de Jacinto. O único herdeiro do coronel, o advogado Afrânio de Sá Ribeiro (Rodrigo Santoro/Antônio Fagundes) é obrigado pela mãe Encarnação (Selma Egrei) a assumir o lugar do pai, levando adiante a discórdia com os vizinhos. Apaixonado por Iolanda (Carol Castro/Christiane Torloni), cantora de bares de Salvador, Afrânio decide abandonar o romance para cuidar dos negócios do pai.
É em uma viagem de reconhecimento dos parceiros de Jacinto que ele conhece a jovem Leonor (Marina Nery). A sensualidade natural da garota encanta o advogado. Durante um encontro apimentado, o envolvimento é flagrado pelo pai da menina e ele ganha uma sentença: ou casa ou morre. O novo coronelzinho volta para casa casado, para desgosto da amarga mãe. Da união, nasce, com muito custo, a primogênita Maria Tereza (Isabella Aguiar/ Julia Dalavia/Camila Pitanga) e depois, mesmo contra indicação médica, o caçula Martim (Davi Caetano/Lee Taylor). No parto do desejado filho varão, Leonor morre.
Retirantes
Amigo dos Rosa, o casal Belmiro (Chico Diaz) e Piedade (Cyria Coentro) enfrentou a seca e foi acolhido pelo capitão e sua esposa Eulália (Fabíula Nascimento) com o filho Santo (Rogerinho Costa/Renato Góes/ Domingos Montagner) recém-nascido. Eulália tinha acabado de adotar a pequena Luzia (Carla Fabiana/Larissa Góes/Lucy Alves), que dividiu o leite de Piedade com Santo. Muito agradecido, o casal se torna seguidor dos ideais sociais do rival do coronel. O que eles não esperavam era que as crianças, alheias à disputa, se apaixonassem ainda pequenos, depois de fugirem juntos de uma procissão para mergulhar no Rio São Francisco. O amor entre Maria Tereza e Santo cresce junto com eles e acaba descoberto.
Belmiro não recebe bem a notícia, mas acaba aceitando. Já Afrânio fica furioso ao saber que Maria Tereza está grávida do filho de um dos seus oponentes. Com raiva, resolve mandar a filha para um colégio interno em Salvador. “A relação com o pai é um constante duelo. Ele é um homem pautado pela ideia de que só existem duas atuações na vida: mandar e obedecer. Porém, há um laço de amor entre pai e filha que complica esse duelo”, explica Camila Pitanga. A essa altura, Santo não sabe que vai ser pai e não recebe nenhuma das cartas escritas pela jovem, interceptadas por Luzia. A filha adotiva dos Rosa nutre desde pequena um amor por Santo e faz de tudo para conseguir ficar com ele.
“Ela é uma antagonista, mas não é uma vilã. É uma personagem movida pelo amor e que luta para conquistar tudo que deseja. Mas não acho que ela tenha uma vilania”, defende Domingos Montagner. O reencontro do casal vai acontecer muitos anos depois. Santo se casou com Luzia e teve duas filhas, Olívia (Giulia Buscaio) e Isabel (Ana Raysa). Já Maria Tereza foi obrigada a casar com Carlos Eduardo (Rafael Vitti/Marcelo Serrado), que assume o filho Miguel (Gabriel Leone). “Mas o amor não realizado deixa marcas muito fortes na vida deles. A história toda se desvenda sobre esse eixo do amor interrompido”, explica Domingos.