Diferentemente das demais datas comemorativas, que têm origem comercial, o Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, para alguns, tornou-se uma data festiva, marcada por flores e bombons; para outros, porém, trata-se de um dia que, há mais de um século, tem suas origens longe das festas e dos presentes, sendo marcado por lutas, fortes movimentos de reivindicação política e trabalhista, greves, passeatas e perseguições.
O Dia Internacional da Mulher foi uma proposta da alemã Clara Zetkin, apresentada durante o II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, realizado em Copenhague, capital da Dinamarca, no ano de 1910. Em seu discurso, Clara Zetkin clamou, sobretudo, pela necessidade de espaços políticos pensados por e para mulheres. A ideia inicial, que surgiu sem uma data fixa, era estabelecer um dia para celebrar a luta das mulheres de todo o mundo pela igualdade de direitos e pelo voto feminino.
O primeiro Dia Internacional da Mulher foi comemorado em 19 de março de 1911. A mudança de data ocorreu em razão de uma onda de protestos na Rússia que ficou conhecida como “Pão e Paz”, na qual manifestantes lutavam contra a fome e pediam o fim da Primeira Guerra Mundial. Somente em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU) consagrou oficialmente o 8 de março como a data que inaugurou uma nova era do feminismo.
Uma das principais reivindicações das mulheres era o direito ao voto. No Brasil, essa conquista foi alcançada em 1932, após intensa mobilização de mulheres sufragistas e feministas. Inicialmente, só podiam votar as mulheres casadas, com autorização dos maridos, e as viúvas e solteiras com renda própria. O voto feminino tornou-se universal em 1934, durante o governo de Getúlio Vargas, com a inclusão desse direito na Constituição promulgada naquele ano. Essa conquista foi um marco importante na luta por igualdade de gênero e assim, ampliando a participação política das mulheres.
Desde então, a participação feminina na política tem crescido lentamente. Apesar dos avanços legislativos, como a Lei das Cotas de 1997, que exige que pelo menos 30% das candidaturas dos partidos sejam femininas, as mulheres ainda enfrentam sub-representação significativa em cargos eletivos. A exemplo disso, nas eleições municipais de 2024, houve 174 candidatas à prefeitura nos 417 municípios da Bahia, excluindo as candidaturas consideradas “inaptas”. Desse total, somente 60 foram eleitas, um aumento de 11% em comparação a 2020.
A distribuição das prefeitas eleitas por partido revela a diversidade da representação feminina na política baiana: o PSD foi o partido que mais elegeu prefeitas, com 15 eleitas, seguido pelo PT, com 9. O Avante elegeu 8 mulheres; o PP, 7 prefeitas; o União Brasil, 6; o PSB, 4. Já o MDB, o PCdoB, o PDT e o PV elegeram 2 prefeitas cada. Por fim, os partidos Pode, PMB e Solidariedade elegeram 1 prefeita cada um.
A primeira mulher eleita prefeita na Bahia foi Olga Laranjeira Bastos, conhecida como Dona Olga, que entrou para a história ao comandar a prefeitura de Igaporã, no sudoeste baiano, entre 1967 e 1970. Já Feira de Santana, o segundo município mais populoso do estado, nunca teve uma mulher à frente da administração municipal.