A rede de vida que sustenta o planeta é muito mais complexa do que imaginamos. O ar que respiramos, a água que bebemos e a comida que chega à nossa mesa são resultado do funcionamento dos ecossistemas espalhados ao redor do nosso planeta. Mas o que, de fato, são os ecossistemas e por que sua preservação é crucial para a nossa existência? Para responder a essas questões, o projeto Junho Verde, do BNews, ouviu o biólogo Esaú Franco — mestre em Diversidade Animal e doutorando em Biodiversidade e Evolução pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).
De acordo com Esaú, os ecossistemas são formados pela interação entre os seres vivos — como plantas, animais, fungos e microrganismos — e os elementos não vivos do ambiente, como a água, o solo, o ar e a luz solar. De acordo com ele, tudo funciona como uma engrenagem.
“Primeiro, a energia do sol é captada pelos produtores (primários), como plantas e algas, que fazem fotossíntese e produzem alimento, formando a base da cadeia alimentar. Depois, essa energia é passada para os consumidores, como animais herbívoros, onívoros (comem um pouco de tudo — vegetais, frutas, carne, ovos e insetos) e carnívoros, que se alimentam uns dos outros. Por fim, quando plantas e animais morrem, os decompositores, como fungos e bactérias, reciclam a matéria orgânica, devolvendo nutrientes ao solo e fechando o ciclo”, disse.
Os ecossistemas fornecem uma série de serviços ambientais que garantem a sobrevivência humana, como a produção de oxigênio e purificação do ar; fornecimento de alimentos e matérias primas; regulação do clima e absorção do carbono; proteção contra desastres naturais, como enchentes e erosão.
Alguns biomas, inclusive, têm papel fundamental nesse trabalho. Na Bahia, por exemplo, destacam-se especialmente a Caatinga, a Mata Atlântica, os manguezais e a zona costeira.
A Caatinga, segundo o biólogo, é um bioma tipicamente nordestino, marcado pela vegetação adaptada à seca, com espécies resistentes e únicas. Já a Mata Atlântica, apesar de extremamente rica em biodiversidade e abrigar muitas espécies endêmicas (que só existem ali), está entre os ecossistemas mais ameaçados do país devido ao desmatamento histórico.
Ao longo do litoral baiano, os manguezais ganham destaque. Esses ambientes de transição entre terra e mar funcionam como verdadeiros berçários para diversas espécies marinhas e têm uma vegetação adaptada à alta salinidade, sendo cruciais para o equilíbrio ecológico costeiro.
“Sem ecossistemas equilibrados, a vida humana fica em risco. Ao retirar uma única espécie de planta ou animal, pode haver efeitos devastadores. Um exemplo é o papel de alguns macacos na dispersão de sementes que originam árvores importantes para proteger e filtrar a água que abastece rios e grandes cidades como Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro”, explicou.
Como preservar os ecossistemas?
Mesmo sabendo da importância dos elementos naturais para a vida, as ações do ser humano seguem ameaçando os ecossistemas. Entre os maiores vilões estão o desmatamento, as queimadas, a poluição, as mudanças climáticas, a introdução de espécies invasoras e a exploração desenfreada dos recursos naturais.
Para preservá-los, de acordo com o biólogo, é fundamental investir em educação ambiental e na criação de unidades de conservação, além de promover a recuperação de áreas degradadas e o uso sustentável dos recursos. A fiscalização eficaz e o cumprimento das leis ambientais também são pilares importantes nesse processo.
As unidades de conservação, como parques nacionais e reservas ambientais, cumprem um papel vital na proteção da biodiversidade. Elas ajudam a manter o equilíbrio dos ecossistemas e garantem que as futuras gerações também possam se beneficiar dos recursos naturais.