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Editorial: A violência verbal não é resposta – governar é para unificar e não dividir

Imagem reprodução

 

A recente declaração do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), sugerindo que o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus eleitores fossem “levados para a vala” é inaceitável em uma democracia. A fala, feita durante um discurso em América Dourado, não apenas incita ódio, mas também contradiz o princípio básico de que um governante deve representar todos os cidadãos, não apenas sua base partidária. Se a crítica ao bolsonarismo é legítima — especialmente diante de um governo marcado por negligência na pandemia e ataques às instituições —, a resposta não pode ser a desumanização do adversário.

A Hipocrisia do Discurso de Ódio
A esquerda brasileira, corretamente, repudiou as falas violentas de figuras bolsonaristas, como o deputado Gilvan da Federal (PL-ES), que desejou abertamente a morte do presidente Lula: “Eu quero mais que o Lula morra, quero que ele vá para o quinto dos infernos”, disse Gilvan em sessão da Câmara, gerando até investigação da Advocacia-Geral da União. Parlamentares de esquerda e até aliados de Bolsonaro, como Flávio Bolsonaro, criticaram a declaração, classificando-a como “reprovável”.

Se a esquerda exige respeito e civilidade dos bolsonaristas, não pode compactuar com retórica similar vinda de suas próprias fileiras. A coerência é fundamental para a credibilidade política.

Bolsonaro e a Pandemia: O Lugar da Crítica Legítima
A indignação de Jerônimo com Bolsonaro tem fundamento. Durante a pandemia, o ex-presidente chamou a COVID-19 de “gripezinha” e disse “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?” diante das milhares de mortes. Bolsonaro também promoveu aglomerações, desrespeitou protocolos e sabotou a vacinação, enquanto o Brasil ultrapassava 700 mil óbitos. Foi acusado de “indiferença” pelas vítimas, contrastando com sua atual defesa dos golpistas do 8 de Janeiro.

Essas ações justificam críticas contundentes, mas não legitimam discursos de ódio. A esquerda, que organizou atos por impeachment em 2021 com cautela sanitária, sabe que a luta política exige responsabilidade.

Governar é incluir, não dividir
A polarização tóxica no Brasil só se agrava com falas como as de Jerônimo e Gilvan. Se o bolsonarismo foi criticado por desumanizar adversários, a resposta não pode ser espelhar sua intolerância. Um governador deve unir, não segregar; dialogar, não ameaçar.

A Bahia, estado plural, vale lembrar que valas são para enterrar o passado, não para lançar o futuro. E que a verdadeira oposição ao bolsonarismo se faça com propostas, não com ódio.

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