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Emiliano José lança “Zanetti: o Guardião do Óleo da Lamparina”

Nova obra do escritor se debruça sobre trajetória do revolucionário Zanetti e traz retrato sobre o período sombrio da ditadura.

29 de maio - 2024 às 08h49
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Divulgação

O escritor, professor e ex-deputado pelo PT, Emiliano José, lançou seu mais novo livro, “Zanetti: o Guardião do Óleo da Lamparina”. Da editora Kotter e com quase 500 páginas, a obra tem como protagonista José Carlos Zanetti, um revolucionário do Paraná que se mudou para a Bahia, onde foi preso e torturado na ditadura militar. Mas mesmo com toda sua angústia e o medo dos tempos sombrios do regime, o paranaense nunca perdeu a esperança e nem os seus sonhos. Na obra, o leitor vai poder conhecer a trajetória desse revolucionário que viajou o Brasil, passou fome quando foi perseguido político e que se envolveu intensamente na luta pelos direitos humanos, assim também como encontrará relatos de todas as mazelas e o terror da ditadura, como as prisões dos discordantes do regime, as torturas, ou seja, a história do Brasil, a história de uma luta para derrubar a ditadura. Interessados em adquirir a obra podem entrar em contato por meio do WhatsApp 71 9997 - 8635.

“O guardião do Óleo da Lamparina”, escolhido como parte do título do livro, é uma metáfora que Emiliano extraiu do teólogo, escritor, filósofo e professor Leonardo Boff, para descrever a perseverança e a defesa de um Brasil melhor pelo qual Zanetti jamais desistiu de lutar. “Leonardo Boff diz que a lamparina acesa, que se mantém acesa pelo óleo, ela é que alimenta os sonhos. Se o óleo acaba, a lamparina deixa de existir fogo para alimentar os sonhos, então os sonhos acabam. Então, por isso, que disse que o Zanetti era o guardião do óleo da lamparina no sentido de ser um difusor, um alimentador de sonhos”, explica Emiliano. Amigo do paranaense, o autor do livro afirma que Zanetti era um personagem riquíssimo e merecia ter sua história contada. “Um personagem muito rico para evidenciar um tempo que era sombrio e, ao mesmo tempo, de muita esperança, que foi o tempo da época da ditadura, os 21 anos de ditadura. Nós convivemos na militância, eu o conheci em 1968 e, desde lá, nós caminhamos juntos, separados e juntos, cada um no seu território, mas sempre comungamos dos mesmos ideais e militamos juntos, ele sempre me acompanhou na luta política, em momentos que eu disputava mandatos”, destacou. 

Na nova obra, Emiliano fez questão de contar a história de Zanetti desde a infância e a juventude no Paraná, na época, um jovem conservador, que vai mudando, ganhando destaque como uma das lideranças dos movimentos estudantis universitários do estado e que entra na organização revolucionária Ação Popular (AP). “Torna-se, assim, muito cedo, um dirigente da organização e um militante clandestino com a missão de educar os também militantes das camadas médias ao levá-los a se integrar no meio dos trabalhadores das cidades ou do campo”. Dali, conta o escritor, Zanetti percorre parte do Paraná, de Santa Catarina e em 1970, assim como Emiliano, desembarca na Bahia. Emiliano foi preso em 23 de novembro de 1970 e Zanetti, em 5 de maio de 1971, juntamente com a direção regional da AP. “O que quero dizer que não é a história dele, é a dele, mas toda a trajetória dos dirigentes que caíram, no caso, Antônio Rabelo, Renato Godinho Navarro e Tibério Canudo de Queiroz Portela. Todos eles dirigentes do comando regional da AP, que são presos e violentamente torturados. Cada um deles tem sua história e trajetória contempladas pelo livro, sempre com o personagem central que é o Zanetti. E o leitor encontrará o retrato de um período sombrio”.

Após sair da prisão, Zanetti tentou o jornalismo, mas não se adaptou à rotina do jornalismo e, mais tarde, descobre a Cesi (Coordenadoria Ecumênica de Serviço), e se dedica à luta pelos direitos humanos, em um trabalho de grande alcance. “Ele se envolve profundamente com isso. Foi o encontro do marxismo dele aprendido na luta com o cristianismo progressista que quer mudar o mundo, e, muitas vezes, foi chamado nos jornais de Padre José Carlos Zanetti, sem sê-lo, porque as pessoas que o ouviam achavam que era um padre pelo seu jeito carinhoso e nunca agressivo. A vida dele foi isso, nas periferias das cidades, nos campos, nos quilombos, na Amazônia, com os indígenas, os sem-terra, com a agricultura familiar e as igrejas batistas, presbiterianas, católicas para pequenos projetos comunitários”, disse o escritor.   

Emiliano conta que escreveu seu novo livro com muito amor, um tributo a quem considera um ser humano raríssimo e extraordinário, que encantava as pessoas. “O Zaneti é um dos melhores, senão o melhor ser humano com que me defrontei na vida. E eu disse, no dia do seu velório, que ele foi o melhor de nós e era mesmo. O José Sérgio Gabrielli de Azevedo o chamava de ‘mãe’, uma maneira de dizer como ele tratava as pessoas. A pastora Sônia Mota, dirigente da Cesi, o definiu como um ‘revolucionário amoroso’, uma descrição perfeita do Zaneti. Tenho dito que ele é o nosso Che, Che no sentido de que ele absorveu do Che a ternura. O Che dizia ou dizem que ele dizia “ser duro sem jamais perder a ternura”, ser duro para Zaneti, não, agora a ternura, sim, sempre. Era um sujeito incapaz da dureza, incapaz do argumento raivoso”, concluiu. 

 

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