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No Nordeste, grito contra Dilma e Lula se amplia

Vinte mil pessoas reuniram-se em Salvador, a maior manifestação contrária ao governo federal na Bahia desde o início dos protestos.

14 de março - 2016 às 09h25
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O Globo

Região que mais deu votos para Dilma Rouseff na eleição de 2014, e que sempre garantiu alta popularidade ao ex-presidente Lula, o Nordeste foi ontem palco de grandes protestos contra o governo e a corrupção e a favor da operação Lava-Jato. Manifestações em capitais como Recife (PE), Fortaleza (CE) e Salvador (BA) e cidades médias do interior registraram forte aumento no número de participantes em relação a 2015. A capital de Pernambuco foi a cidade com maior participação. Segundo a Polícia Militar, foram às ruas do Recife 120 mil pessoas, oito vezes mais do que os 15 mil do primeiro grande protesto contra o governo de Dilma, realizado em 15 de março do ano passado. O ato começou pouco depois das 10h na Avenida Boa Viagem, Zona Sul da capital, e ocupou a orla até o início da tarde de domingo. Em Campina Grande, no oeste pernambucano, 3 mil pessoas protestaram.

A PM calculou 35 mil manifestantes em Fortaleza (CE), onde um grupo foi à Praia de Iracema para realizar a “dancinha do impeachment”, coreografia muito compartilhada (e criticada) nas redes sociais durante a semana. Em Maceió, foram 25 mil manifestantes segundo a PM (mais que o dobro dos 10 mil de março de 2015). A passeata, que tomou a principal avenida da orla da capital alagoana, contou com várias alegorias que lembravam um carnaval, entre elas uma grande cobra jararaca com a cabeça do ex-presidente Lula. Vinte mil pessoas reuniram-se em Salvador, a maior manifestação contrária ao governo federal na Bahia desde o início dos protestos. Organizadores coordenaram o ato em cima de um minitrio-elétrico estacionado no Farol da Barra, cartão postal da cidade. Em Natal, o ato durou duas horas e meia e reuniu 20 mil pessoas, segundo os organizadores. A PM estimou que 11 mil pessoas foram até a Praça Cívica, na Zona Leste da cidade.

Para Carlos Pereira, cientista político e professor da FGV Rio, parte da explicação para o crescimento das manifestações no Nordeste é econômica: — Essa parte do Brasil foi muito beneficiada durante o boom econômico pré-2008. Agora, com o desemprego crescente e a alta dos alimentos (além da enxurrada tóxica de denúncias) há um descolamento desse apoio histórico dos nordestinos aos governos federais do PT. Paulo Baía, sociólogo e professor da UFRJ, disse que as manifestações trazem à luz um realinhamento ideológico ocorrido após 2014: — Se a rejeição à Dilma no Nordeste ainda não era visível, as manifestações agora materializam o que dizem as pesquisas. Não se pode dizer que é o eleitor do Aécio que está na rua. O protesto de hoje (ontem) mostra que a tese de um país dividido caducou. O país está unido na desesperança.

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