Um dos maiores dramas que pode viver um paciente infectado pela covid-19 é ter que ser internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ou, pior, precisar de uma vaga dedicada a casos mais críticos e não encontrar. Neste domingo (21), na Bahia, 890 pessoas viviam o drama de estar na UTI, terceiro dia seguido de recorde. Às 16h, a taxa de ocupação chegou a 80%. Já há hospitais sem nenhuma vaga e, antes que o quadro fique ainda pior, o governador Rui Costa (PT) ampliou o decreto de toque de recolher.
A partir de hoje, 381 cidades baianas terão que obedecer a um decreto mais rígido: a circulação fica proibida das 20h às 5h - antes, a proibição começava às 22h. Além disso, 38 municípios foram incluídos e apenas a região Oeste continua fora. Desde o início da pandemia, em março de 2020, a Bahia nunca teve tantas pessoas em estado grave com a covid-19. O terceiro dia seguido de alta mostra ainda que o número de internações está num ritmo de crescimento. Atualmente, a Bahia tem 53 hospitais com leitos disponíveis para tratamento da covid-19, sendo 45 com leitos de UTI. Desses, 31 tinham taxa de ocupação de 80% ou mais e nove hospitais estavam completamente lotados até as 16h deste domingo, segundo dados do painel epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
Para especialistas ouvidos pelo CORREIO, a ocupação de 80% é um indicativo de que a Bahia pode, sim, entrar em colapso. É o que afirma a médica imunologista Fernanda Grassi, pesquisadora da Fiocruz e integrante da Rede CoVida. Para ela, as atuais condições sanitárias, o desrespeito às medidas de isolamento e os recorrentes relatos e denúncias de aglomeração acendem um forte sinal de alerta. Ela acredita que o toque de recolher é uma medida válida, mas são necessárias ações mais enérgicas para controlar o fluxo de pessoas nas ruas e, por consequência, reduzir proliferação do coronavírus.
O governador Rui Costa afirmou que o estado pode impor medidas ainda mais duras do que o toque de recolher, caso a população continue desrespeitando as regras de distanciamento social. "Se não houver respeito, se não houver colaboração, terá que ser como Araraquara e fechar absolutamente tudo", afirmou o governador, fazendo referência à cidade paulista que fechou toda a cidade por 60 horas, devido ao avanço da pandemia.
>>>Clique AQUI e se mantenha BEM informado