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SUCESSÃO EM IRECÊ - Oposição sem nome, sem rosto, sem norte

Enquanto o grupo liderado pelo PT segue cheio de indefinições, atual prefeito Luizinho Sobral é candidato a ser batido.

09 de novembro - 2015 às 11h42
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Fotos: Divulgação, Sertão Baiano e Caraíbas FM

Por Daniel Pinto

Nos bastidores do poder, pelo menos, nove nomes da oposição são cogitados para disputar a Prefeitura de Irecê, no norte do estado. À frente do grupo, o PT possui três “companheiros” no páreo: Augusto de Almeida Neto - "Jacó” - e os ex-prefeitos Zé das Virgens e Joacy Dourado. O PSB - que recentemente passou por reformulação no quadro dirigente - também tem três postulantes: Zé Duarte, Luciano Dourado e Elmo Vaz. PCdoB e PTB, respectivamente, têm como principais trunfos os vereadores Pascoal Martins e Tertuliano Libório - "Tertinho”, ex-presidente da Câmara Municipal. “Correndo pelas beiradas” aparecem outros pretensos candidatos, com destaque para o empresário Paulo Freire (sem partido), que já foi vice-prefeito da cidade.

Diante das indefinições e do jogo de interesses (natural do mundo político), Jacó acredita que o grupo vai saber quem, de fato, será o candidato da oposição em março do ano que vem. “Seria melhor se isso fosse resolvido com mais antecedência, até porque é preciso conversar com as entidades representativas, ouvir a juventude e ter legitimidade na construção do projeto”, lamenta. Apesar de considerar a situação um pouco “confusa” e reconhecer que o cenário nacional de desgaste em relação ao PT também vai influenciar na sucessão em Irecê, para o coordenador do Centro de Assessoria do Assuruá (CAA), o maior dos problemas da oposição é ter duas candidaturas da base do Governo Rui Costa.

“A situação traz grandes dificuldades, é verdade... O importante é a oposição se manter unida. Por enquanto, o governador tá cuidando da vida dele, tá fazendo a gestão neste primeiro ano de mandato. Mas, o compromisso político foi subir no palanque de quem fez a campanha em 2014”, afirmou Jacó, demonstrando desconforto em ter o atual prefeito de Irecê, Luizinho Sobral (PTN), na base do Governo do Estado. Apesar de ter feito campanha para Paulo Souto (DEM) no ano passado, após o resultado das urnas, o PTN encontrou espaço entre as legendas que estão debaixo do “guarda-chuvas” da Terra-Mãe do Brasil. Durante o ato público que ratificou a aliança, Rui Costa chegou a dizer que não faria diferenciação “entre aliados”, o que causou enorme alvoroço em Irecê.

Giro de 360 graus

Em 2014, quando disputou vaga na Assembleia Legislativa, Zé das Virgens obteve 6.651 votos em Irecê, sendo o candidato mais votado no município. Luiz Caetano (PT) - que fez dobradinha com Zé - foi o federal mais votado na cidade, com 3.537 votos. O resultado das urnas mostra que o ex-prefeito ainda tem “crédito na praça”. Mesmo assim, Zé das Virgens tem perdido espaço no Partido dos Trabalhadores e, segundo matéria publicada no site sertaobaiano.com.br, chegou a “flertar” com o PMDB.

“Conversamos, sim. Tenho reconhecidos serviços prestados à nossa região e ao Estado. É natural que haja interesse de outros partidos. Também recebi convites do PV, PSB e outras legendas. Tudo tem que ser avaliado com calma. Mas, uma coisa é certa: o tempo para qualquer resposta é o prazo legal”, disse, à época. Entretanto, em recente entrevista à uma rádio local, ele não descartou a possibilidade de disputar novamente a Prefeitura pelo PT. Mas, também, na mesma oportunidade, mostrou-se inclinado a apoiar outro nome, se essa for a vontade da maioria.

Para o vereador Pascoal Martins, o candidato da oposição precisa ser uma pessoa “honesta, ajustada, sensata, comprometida com questões sociais”, que tenha “ideias inovadoras para retomar o crescimento da economia e fortalecer o comércio” e que também “more na cidade e conheça suas necessidades”. “Irecê precisa de um giro de 360 graus: falta transparência e humanidade. Estou há 30 anos no mesmo partido. Nesse período, pude amadurecer convivendo com o sindicalismo e atuando no Poder Legislativo. Tenho compromisso com minha cidade, estou preparado para o desafio e, por isso, acho que estou credenciado para disputar a indicação”, completou.


Numa relax, numa tranquila, numa boa

Procurado pelo Jornal 2 Pontos, o prefeito Luizinho Sobral (PTN) evitou falar em sucessão municipal. “Irecê é uma cidade polo, é a ‘mola propulsora’ da economia regional. Todos os dias, independente das circunstâncias, temos enormes desafios em todas as áreas da administração pública. Portanto, sobra pouco tempo pra fazer política. Agora, estou focado na gestão da nossa cidade. Nos últimos anos, apesar da crise que abala o país, Irecê teve importantes conquistas e se consolida como referência em gestão. Na hora certa, com calma, vamos reunir nosso grupo e falar sobre eleições”.

A aparente tranquilidade pode ser explicada em três “atos”: 1º) a falta de um projeto consistente por parte da oposição; 2º) o vínculo institucional com o Governo Rui Costa - o que coloca os adversários numa “sinuca de bico”; 3º) em pesquisas de consumo interno que apontam a aprovação popular da Administração Municipal. Recentemente, um levantamento realizado pelo Instituto Bahia Pesquisa Estatística (Babesp) apontou que 84% dos entrevistados avaliaram o Governo Minha Terra, Meu Orgulho como regular, bom ou ótimo.

Por enquanto, Luizinho Sobral está “numa relax, numa tranquila, numa boa”, como na música Guiné Bissau, Moçambique e Angola, do disco Tim Maia Racional, Vol. 2 (1976). A reportagem tentou, sem sucesso, ouvir Tertinho, Zé Duarte, Joacy e Luciano Dourado. Também permanece como incógnita qual será a postura da família do ex-prefeito de Irecê Beto Lélis, que anda meio em stand by desde que a esposa e atual vice-prefeita da cidade, Dorinha Lélis, se afastou do grupo político hegemônico na “terra boa do sertão”.

Matéria originalmente publicada na edição número 30 do  Jornal 2 Pontos:

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