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Superação e raça são as marcas da campeã Rafaela Silva

O grito entalado na garganta pela conquista do primeiro ouro do Brasil na Rio-2016 não poderia ter saído de maneira mais emblemática.

09 de agosto - 2016 às 07h41
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Luiz Teles // A Tarde

Numa campanha perfeita, a judoca Rafaela Silva subiu ao lugar mais alto do pódio na categoria até 57 kg. A festa pela conquista na Arena Carioca 2 foi grande e emocionante. Ela é carioca e cresceu na Cidade de Deus, onde por meio de um projeto social (Instituto Reação, comandado pelo ex-judoca Flávio Canto) ingressou no esporte para se tornar uma campeã olímpica. E aos 24 anos, Rafaela também supera com essa medalha a frustração nos Jogos de Londres-2012, quando poderia ter chegado ao pódio, mas foi desclassificada na primeira luta, justamente diante da húngara que ela eliminou agora nas quartas de final. Por conta desta derrota, a judoca, que tem no currículo um título (em 2013) e uma prata (2011) em mundiais, contou ter pensado em desistir do judô após sofrer ofensas racistas em redes sociais, mas foi convencida por técnicos e familiares a continuar. 

"Eles falaram que judô não era pra mim, que eu era vergonha para minha família, que lugar de macaco era na jaula e não na Olimpíada, e agora posso provar para todos eles que me criticaram que eu posso estar entre as melhores da minha categoria", disse, com semblante sério. "Não tem recado para essas pessoas, só tem a medalha no meu peito", acrescentou Rafaela, que passou outras muitas dificuldades até se tornar campeã olímpica. 

Quando iniciou no judô, não tinha quimono e ganhou um de presente. Mais tarde, com os primeiros bons resultados, teve que contar com a ajuda financeira do professor Geraldo Fernandes, até hoje seu parceiro. "Ele passava o cartão dele e eu ia para as viagens. Se não fosse ele, não sei nem onde eu estaria hoje", disse a judoca. "Devo tudo ao professor, e tudo o que ele fez por mim nesses 16 anos eu posso pagar agora com a medalha olímpica que ele tanto sonhava", afirmou. "Se tem uma pessoa que podia representar a comunidade, eu vim aqui e representei", completou. 
 


A campanha 

Em sua primeira luta, Rafaela gastou apenas 46 segundos para despachar a alemã Myriam Roper por ippon. Na sequência, com um wazari, bateu a sul-coreana Kim Jan-Di, 2ª no ranking mundial. Já nas quartas de final ganhou da húngara Hedvig Karakas com mais um wazari. O combate da semifinal contra a romena Carina Caprioriu foi equilibrado e, com um shido para cada lado no tempo normal, a disputa foi para o golden score. O árbitro chegou a dar a vitória dela com 39 segundos, mas depois voltou atrás. No final, Rafaela mostrou raça e conquistou uma bela vitória. 

Depois enfrentou Sumiya Dorjsuren na final, atleta da Mongólia que vinha de bons e surpreendentes resultados nesta segunda-feira, 8. Com um novo wazari, Rafaela  levou o combate até o final e se tornou campeã. Sempre concentrada, Rafaela comemorava de forma contida as vitórias. "Eu estava bem focada nas lutas, treinei para não pecar em nenhum momento da luta", explicou ela, que disse ter usado a força da torcida para vencer. "Eu gosto muito de competir dentro de casa, a torcida ajuda bastante... ontem eu vim no ginásio e vi que quando os brasileiros entravam, a arquibancada mexia. Eu já estava quase pulando para lutar junto", finalizou.
 

Meta de medalhas 

A Confederação Brasileira de Judô (CBJ) tem como meta, no mínimo, repetir as quatro medalhas dos Jogos de Londres. Ainda faltam lutar atletas cotados para o pódio, como Victor Penalber, Mayra Aguiar, Tiago Camilo, Maria Suellen Altheman e Rafael Silva, o Baby. Nesta terça, 9 vão ao tatami Mariana Silva e Penalber.

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