Em São Paulo, quando a Acadêmicos do Tucuruvi entrou no sambódromo do Anhembí, na madrugada do último domingo (02), a pesquisadora Glicéria de Jesus da Silva, conhecida como Célia Tupinambá, ficou emocionada. “Estou vendo aqui! Está muito lindo!”.
A participação dos indígenas Tupinambá de Olivença no desfile da Acadêmicos do Tucuruvi foi um marco no Carnaval de São Paulo em 2025. A escola apresentou o enredo “Assojaba – A Busca pelo Manto”, frisando a história e a cultura desse povo originário do sul da Bahia, em Ilhéus.
Os Assojaba são como capas ou vestimentas, feitas em malha e adornados com penas, usados em rituais e ocasiões especiais. “O manto não é um objeto. Ele tem sua própria agência, tem toda sua espiritualidade”, explica Célia, que foi consultada pelos pesquisadores da escola de samba e compartilhou seus conhecimentos sobre essas peças ancestrais.
A pesquisadora indígena, Célia Tupinambá, deu todo suporte possível na elaboração do enredo e destacou a emoção de ver a história do manto retratado na avenida. Ela ressaltou que o desfile soube valorizar os aspectos da história indígena que geralmente não são ensinados nas escolas, o que desencadeia uma reflexão sobre a valorização e o respeito aos povos originários do Brasil.
Na última alegoria do desfile, lideranças indígenas convidadas pela agremiação enfatizaram a mensagem pelo respeito aos povos originários do Brasil, como a tribo Tupinambá de Olivença, em Ilhéus. Inclusive, foi dessa região que o manto que inspirou o enredo foi retirado há mais de 300 anos, tornando a homenagem ainda mais significativa e emocionante.
No desfile, 45 indígenas da aldeia Tupinambá de Olivença participaram de uma das quatro alegorias da agremiação. A presença deles no desfile enriqueceu a apresentação cultural da escola e também relembrou a muitos sobre a importância da representatividade e da valorização das tradições indígenas no cenário nacional.