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Colombiano veio para Copa e não tem dinheiro para voltar

Juan Diego veio de carona até Salvador e hoje está alojado em fábrica de vassouras, em Feira de Santana.

14 de setembro - 2014 às 12h21
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Alean Rodrigues / Luiz Tito - Agência A Tarde

O sonho de conhecer o Brasil e viver uma aventura acabou em tristeza para o colombiano Juan Diego De Los Rios, de 23 anos, natural da cidade de Medellín, na Colômbia. O motivo é que há 3 meses ele está vivendo nas ruas e passando necessidades já que não teve condições financeiras para retornar ao seu país. O estrangeiro veio para o Brasil assistir aos jogos da Copa do Mundo na companhia da namorada, que conseguiu a ajuda de familiares e retornou para casa. "Quero voltar para minha casa. Aqui estou sofrendo muito, passo fome e frio e não tenho ninguém. Quero voltar para o colo de minha mãe", disse. Tudo começou em abril quando Juan junto com a namorada decidiram vir ao Brasil. Eles inicialmente pegaram um ônibus e logo depois foram pegando carona para poder chegar até Salvador.

Tentaram assistir aos jogos, mas devido ao alto preço dos ingressos desistiram. "O dinheiro começou a acabar e viemos de carona para Feira de Santana, aqui aluguei um quarto, mas como não tive dinheiro para pagar o aluguel, saí e fiquei na rua. Minha namorada me traiu e foi embora com a ajuda da família dela. Eu não tive como ir, pois não tenho dinheiro", contou. Em Feira de Santana, Juan Diego conta que tentou arrumar um emprego para poder se manter e conseguir ir embora, mas não conseguiu porque não possui carteira de trabalho. "Sou estrangeiro e não posso retirar a carteira de trabalho aqui. Entrei com visto visitante, válido por 90 dias e já venceu, tenho medo de ser preso ou até de morrer ficando na rua", desabafou, acrescentando que não tem passaporte.

O colombiano está tendo ajuda de duas famílias que residem no bairro Rua Nova, que se sensibilizaram com a história dele. Ele está dormindo provisoriamente em uma fábrica de vassouras e se alimenta na casa dos moradores. Edilene Nunes conta que desde terça-feira o jovem está sendo ajudado pelos moradores. "Ele chegou aqui na terça pedindo comida, nos sensibilizou com a sua história. Não temos condições físicas e financeiras para abrigá-lo, mas conseguimos um lugar para ele dormir e o alimentamos, não podemos negar um prato de comida a ninguém", afirmou. Outra que está ajudando o jovem é Daniela da Silva Uchôa que além de oferecer alimentação, o está acompanhando a vários órgãos na cidade com o intuito de conseguir ajuda. "Fomos no CRAS, na Polícia Federal e na secretaria de Desenvolvimento Social, mas não foi feito nada até o momento. Apenas um joga para lá e para cá e nada de solução. Estou indignada com esta situação, ele é um ser humano e independente de ser ou não brasileiro as autoridades devem adotar as medidas legais para ajudá-lo", afirmou.

Um dos órgãos procurados foi o Centro de Referência Especializado de Assistência Social para População em Situação de Rua (Creas Pop Rua). A assistente social Silvia Cristina Jesus informou que ao ser procurada pelo colombiano entrou em contato com a Embaixada da Colômbia no Brasil sendo informada que não poderia fazer nada. "A pessoa que nos atendeu ainda mandou que o Juan comprasse algumas balas e fosse vender nos semáforos para conseguir dinheiro. Oferecemos colocá-lo em um abrigo provisório, mas ele preferiu ficar no local que estava no bairro Rua Nova", destacou.

Comitê

A consulesa da Colômbia no Brasil, Diana Atehortua negou que o órgão tenha sido procurado anteriormente. Ela informou que manteria contato com Juan Diego e encaminharia o caso para o comitê na Colômbia que deve analisar o caso e verificar as medidas que devem ser adotadas. "Vamos entrar em contato com a família e confirmar se realmente não há condições de buscarem o seu parente. Uma das saídas em caso de confirmação seria enviar as passagens para que ele retorne para o país", informou. A Polícia Federal informou através da assessoria de comunicação que como Juan Diego está irregular no país, ele será notificado pela Delegacia de Imigração (Delemig) para deixar o país no prazo de 8 dias. "Caso ele não consiga sair de forma própria, será aberto um processo de deportação, que será encaminhado para o departamento de estrangeiros do Ministério da Justiça, que julgará o caso. Mas isto poderá levar alguns meses", explicou o delegado Tiago Sena.

O delegado explicou ainda que caso o colombiano consiga uma passagem para retornar ao país de origem, não é necessário que o mesmo apresente o passaporte, apenas a cédula de identidade. "Já que existe um acordo entre o Brasil e a Colômbia onde se pode entrar e sair do país sem a necessidade de passaporte", lembrou. Quem se interessar em ajudar o colombiano Juan Diego pode entra em contato pelos telefones (75) 8186-0339/8858-4308/8245-4888 falar com Edilene Nunes ou Daniela Uchoa.

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