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Eduardo Campos, candidato do PSB à Presidência, morre em acidente de aeronave

Ex-governador de Pernambuco de 49 anos estava em jatinho particular que caiu em Santos na manhã desta quarta-feira.

13 de agosto - 2014 às 15h06
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Informações IG / Fotos: Correio*

O candidato do PSB à Presidência, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Henrique Accioly Campos, morreu nesta quarta-feira (13) aos 49 anos na queda de uma aeronave Cessna 560 XL em Santos, no litoral de São Paulo. Tanto familiares do ex-governador quanto aliados políticos passaram a manhã aguardando informações oficiais sobre a morte do socialista, confirmada no início da tarde. A vice Marina Silva não estava na aeronave e soube da notícia em São Paulo. Assim como outros dirigentes do PSB, a ex-senadora embarcou para Santos para acompanhar a apuração do acidente. Ao saber da confirmação da morte de Campos, Marina estava acompanhada do ex-deputado Walter Feldman.

Além de Campos, também morreram no acidente o assessor Carlos Augusto Leal Filho, o chefe de gabinete no governo de Pernambuco, Pedro Valladares Neto, o cinegrafista Marcelo Lira, o fotógrafo Alexandre Severo e o piloto Marcos Martins e o copiloto Geraldo M. P. da Cunha. De acordo com informações fornecidas por familiares e aliados do ex-governador ao iG, os primeiros relatos davam conta de que Campos estaria acompanhado da mulher Renata, auditora do Tribunal de Contas de Pernambuco, e do filho Miguel, que nasceu em janeiro. Os dois de fato estavam no Rio com o ex-governador, mas não embarcaram no mesmo voo e estão bem, de acordo com informações do partido.

Segundo a Aeronáutica, o voo que levava Campos saiu do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, onde Campos concedeu na noite de terça-feira (12) entrevista ao Jornal Nacional. O voo pousaria no Guarujá, mas, durante a descida, arremeteu, supostamente por causa do mau tempo. A partir desse momento, o controle de voo perdeu o contato com a aeronave. De acordo com a legislação vigente, o PSB tem um prazo de dez dias para providenciar a substituição da candidatura em decisão da maioria absoluta da direção nacional do partido.

Trajetória

Filho de Ana Arraes, ex-deputada federal, e do escritor e advogado Maximiano Accioly Campos, o presidenciável nasceu no Recife (PE) em 10 de agosto de 1965 e, com apenas 16 anos, ingressou na Universidade Federal de Pernambuco para cursar Economia. Aos 20, formou-se e foi o orador da turma. Começou a militância ainda na universidade, como presidente do Diretório Acadêmico. Não traiu o sangue político da família: em 1986, trocou a possibilidade de um mestrado nos EUA pela participação na campanha que elegeu governador de Pernambuco o seu avô, Miguel Arraes – que passara 15 anos no exílio por causa do regime militar.

Em 1990, depois de trabalhar como secretário de governo do avô, filiou-se ao PSB e conquistou um mandato de deputado estadual. Chegou ao Congresso Nacional em 1994, dois anos depois de sofrer sua única derrota eleitoral até hoje: foi quinto lugar na eleição que levou Jarbas Vasconcelos pela segunda vez à prefeitura do Recife. Em 1998, foi reeleito para a Câmara dos Deputados como o deputado federal mais votado de Pernambuco. No seu terceiro mandato em Brasília, conquistado em 2002, atuou em defesa da candidatura de Lula, depois de um primeiro turno com Anthony Garotinho.

Ministro do governo Lula

Em 2003, estreitando os laços com Lula, tomou posse como ministro de Ciência e Tecnologia – o mais jovem no primeiro mandato do presidente. Em sua gestão, foi aprovada a lei que autoriza pesquisa com células-tronco. Data dessa época suas desavenças com o todo-poderoso José Dirceu. Em 2005, Campos e Aldo Rebelo, então ministro de Relações Institucionais, manobraram para barrar a CPI dos Correios, que trouxe à tona o mensalão. Numa reunião com Dirceu, que terminou em clima hostil, Campos teria sido aconselhado a desistir da candidatura ao governo de Pernambuco em favor do petista Humberto Costa. “Eu não preciso do PT para ser governador. A única pessoa a quem eu tenho de dar satisfação é Lula”, teria respondido. Mais tarde ganharia pontos adicionais com o presidente ao ser fiel durante a crise do mensalão e ao retirar sua candidatura à presidência da Câmara em favor de Rebelo.

Governo de Pernambuco

Depois de assumir a presidência do PSB em 2004, lançou um ano depois sua candidatura ao governo de Pernambuco. O curioso é que, durante a campanha, Lula resolveu apoiar não apenas um candidato, mas dois: além de Campos, esteve também ao lado de Humberto Costa, o indicado pelo PT, numa manobra arriscada para enfraquecer a hegemonia do ex-governador Jarbas Vasconcelos, que apoiava a reeleição de Mendonça Filho. Campos e Mendonça chegaram ao segundo turno com a vitória do primeiro, que aglutinou mais de 60% dos votos válidos.

Desde a cerimônia de posse – marcada pela presença de camponeses, lembrando o clima que havia nos tempos do avô Miguel Arraes –, Campos realizou um governo sem percalços. Tudo lhe foi favorável para que seu nome ficasse mais conhecido nacionalmente. Uma das vitaminas estimulantes de sua gestão foi a atração de recursos do governo federal – de longe o maior investidor na economia local. Em 2010, disputou a reeleição, e, mais uma vez, contou com a mão de Lula durante a disputa. Saiu-se com folgada vitória ainda no primeiro turno: quase 80% dos votos válidos, enterrando de vez o seu maior adversário político, o senador Jarbas Vasconcelos.

*Com reportagem de Clarissa Oliveira, Luciana Lima, Marcel Frota, Mel Bleil Gallo e Patricia Moraes
 

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