Daniel Pinto
A aposentada Luzia Ramalho, 72 anos, tem problemas respiratórios graves, tecnicamente é diagnosticada com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Como não há cura, D. Luzia toma regularmente os medicamentos Spriva e Foraseq para aliviar os sintomas e fazer com que tenha qualidade de vida. Os medicamentos - que são de uso contínuo e custam em média R$ 550 - são distribuídos gratuitamente pela 21ª Diretoria Regional de Saúde (DIRES), sediada em Irecê, norte do Estado. Mas, há três meses, D. Luzia não recebe os remédios da 21ª DIRES. A informação é de que não há o produto em estoque e não existe previsão de quando estará disponível. A reportagem do Sertão Baiano acompanhou João Júnior, neto da D. Luzia, em mais uma visita à unidade de Saúde. “Nada ainda, viu”, disse a atendente da farmácia. “Essa indefinição deixa a família toda aflita”, afirmou Jr, que é responsável por retirar os remédios da avó todos os meses.
Os relatos são de que a falta de medicamentos afeta pacientes transplantados, com esclerose, hemofílicos e com esquizofrenia, endometriose, doença falciforme, dentre outras. O Sertão Baiano esteve, em três oportunidades, na sede da 21ª DIRES, mas não conseguiu falar com o diretor Carlos Antônio Dourado Campos e nem com a responsável pela farmácia. Entretanto, a reportagem teve acesso, com exclusividade, a documento em que a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (SESAB) informa que não recebeu verbas do Ministério da Saúde e que não tem como “sustentar o fornecimento dos fármacos” por não possuir “orçamento estadual extra disponível”.
“Infelizmente os repasses estão atrasados e até o momento ainda não recebemos os recursos referentes aos meses de Janeiro e Fevereiro do ano corrente. O prazo para o repasse já expirou”, destaca a nota técnica. Ao final, a SESAB lista 49 medicamentos que “podem apresentar irregularidades no fornecimento” e sustenta que a situação será normalizada “assim que os repasses federais forem regularizados”.
Confira a íntegra do documento na galeria de fotos abaixo: